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Fernando Pessoa
Poesias Inéditas
Na noite que me desconhece
Na noite que me desconhece
O luar vago, transparece
Da lua ainda por haver.
Sonho. Não sei o que me esquece,
Nem sei o que prefiro ser.
Hora intermédia entre o que passa,
Que névoa incógnita esvoaça
Entre o que sinto e o que sou?
A brisa alheiamento abraça.
Durmo. Não sei quem é que estou.
Dói-me tudo por não ser nada.
Da grande noite. embainhada
Ninguém tira a conclusão.
Coração, queres?
Tudo enfada Antes só sintas, coração.
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Na noite
terrível, substância natural de todas as noites,
Álvaro de Campos
Não
a ti, Cristo, odeio ou menosprezo, Ricardo Reis
Não
a ti, Cristo, odeio ou te não quero, Ricardo Reis
Não
basta abrir a janela,
Alberto Caeiro
Não
canto a noite porque no meu canto, Ricardo Reis
Não
consentem os deuses mais que a vida, Ricardo Reis
Não:
devagar,
Álvaro de Campos
Não
digas nada!
Poesias Inéditas
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