Fernando Pessoa - poemas
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Alberto Caeiro

XXVI - Às Vezes


 
     Às vezes, em dias de  luz perfeita e exata,
     Em que as cousas têm toda a realidade que podem ter,
     Pergunto a mim próprio devagar
     Por que sequer atribuo eu
     Beleza às cousas.

     Uma flor acaso tem beleza?
     Tem beleza acaso um fruto?
     Não: têm cor e forma
     E existência apenas.
     A beleza é o nome de qualquer cousa que não existe
     Que eu dou às cousas em troca do agrado que me dão.
     Não significa nada.
     Então por que digo eu das cousas: são belas?

     Sim, mesmo a mim, que vivo só de viver,
     Invisíveis, vêm ter comigo as mentiras dos homens
     Perante as cousas,
     Perante as cousas que simplesmente existem.

     Que difícil ser próprio e não ver senão o visível!


  • As quatro canções, Alberto Caeiro
  • As rosas amo dos jardins de Adônis, Ricardo Reis
  • A 'sperança como um fósforo inda aceso, Poesias Inéditas
  • Assim como falham as palavras quando querem, Alberto Caeiro 
  • Assim, sem nada feito e o por fazer, Cancioneiro 
  • As tuas mãos terminam em segredo, Cancioneiro  

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