Fernando Pessoa - poemas
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Fernando Pessoa

  Assim, sem nada feito e o por fazer


 
Assim, sem nada feito e o por fazer
Mal pensado, ou sonhado sem pensar,
Vejo os meus dias nulos decorrer,
E o cansaço de nada me aumentar.

Perdura, sim, como uma mocidade
Que a si mesma se sobrevive, a esperança,
Mas a mesma esperança o tédio invade,
E a mesma falsa mocidade cansa.

Tênue passar das horas sem proveito,
Leve correr dos dias sem ação,
Como a quem com saúde jaz no leito
Ou quem sempre se atrasa sem razão.

Vadio sem andar, meu ser inerte
Contempla-me, que esqueço de querer,
E a tarde exterior seu tédio verte
Sobre quem nada fez e nada quere.

Inútil vida, posta a um canto e ida
Sem que alguém nela fosse, nau sem mar,
Obra solentemente por ser lida,
Ah, deixem-se sonhar sem esperar!


  • As nuvens são sombrias,Poesias Inéditas 
  • As quatro canções, Alberto Caeiro
  • As rosas amo dos jardins de Adônis, Ricardo Reis
  • A 'sperança como um fósforo inda aceso, Poesias Inéditas
  • Assim como falham as palavras quando querem, Alberto Caeiro  
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