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Fernando Pessoa
Poesias Inéditas

Aqui está-se sossegado


 
Aqui está-se sossegado, 
Longe do mundo e da vida, 
Cheio de não ter passado, 
Até o futuro se olvida. 
Aqui está-se sossegado. 

Tinha os gestos inocentes, 
Seus olhos riam no fundo. 
Mas invisíveis serpentes 
Faziam-a ser do mundo. 
Tinha os gestos inocentes.

Aqui tudo é paz e mar. 
Que longe a vista se perde 
Na solidão a tornar 
Em sombra o azul que é verde! 
Aqui tudo é paz e mar.

Sim, poderia ter sido... 
Mas vontade nem razão 
O mundo têm conduzido 
A prazer ou conclusão. 
Sim, poderia ter sido... 

Agora não esqueço e sonho. 
Fecho os olhos, oiço o mar 
E de ouvi-lo bem, suponho 
Que veio azul a esverdear. 
Agora não esqueço e sonho. 

Não foi propósito, não. 
Os seus gestos inocentes 
Tocavam no coração 
Como invisíveis serpentes. 
Não foi propósito, não. 

Durmo, desperto e sozinho. 
Que tem sido a minha vida? 
Velas de inútil moinho - 
Um movimento sem lida... 
Durmo, desperto e sozinho. 

Nada explica nem consola. 
Tudo está certo depois. 
Mas a dor que nos desola, 
A mágoa de um não ser dois 
Nada explica nem consola. 
 


  • Apostila, Álvaro de Campos
  • A Praça da Figueira de manhã, Álvaro de Campos
  • Aproveitar o tempo! , Álvaro de Campos
  • A Queda, Cancioneiro 
  • Aquela senhora tem um piano, Alberto Caeiro 
  • Aquele peso em mim - meu coração, Poesias Inéditas 
  • Aqui, dizeis, na cova a que me abeiro, Ricardo Reis 


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